domingo, 11 de setembro de 2011

Jean Charles, uma vítima inocente


E se fosse o meu filho, e se fosse o seu filho, e se fosse o filho de um rico banqueiro brasileiro, ou do dono de uma grande empresa de comunicação, ou....ou...se...se.....




Mas Jean Charles era apenas um "Zé Ninguém", um brasileiro anônimo, um filho da classe operária brasileira, um jovem que partiu do seu país em busca de uma vida mais digna, em busca de melhores condições de trabalho para sustentar a sua família. Não conheci Jean Charles, você não conheceu Jean Charles, nem o cineasta que fez o filme sobre o mesmo, conhecia Jean Charles. Não importa o que Jean Charles tenha feito para conseguir sobreviver na Inglaterra. Importa apenas que ele foi assassinado pela polícia inglesa, injustamente, brutalmente assassinado. E isso não tem pedido de desculpas nem dinheiro que compense. A família de Jean Charles ficou sem ele para sempre e o seu nome não consta de nenhum memorial de vitimas inocentes da guerra contra o terror. A sociedade brasileira parece ter pouco se indignado com esse acontecimento e isso só tem explicação no fato de Jean Charles, apesar do nome estrangeiro, ter sido apenas um menino como outro qualquer do interior do Brasil. Nesse 11 de setembro de 2011, 10 anos após os atentados terroristas ao World Trade Center, quero lembrar todos os que morreram vitimas daquela ação insana, entre outras, e suas famílias. Mas quero lembrar também todos os que pereceram em função de outros atos terroristas como os da Espanha e os de Londres, além daqueles que pereceram em função das guerras sujas iniciadas com o pretexto do combate ao terrorismo, como as do Afeganistão e do Iraque. Dizem que os atentados do 11 de setembro de 2011 nos Estados Unidos mudou o mundo. Não sei bem se isso é verdade. O que sei é que, se nós, os ocidentais, não aprendemos com essa lição horrorosa, não sei  que herança estaremos deixando para os nossos descendentes. 


"Jean Charles de Menezes (Gonzaga, Minas Gerais, 7 de janeiro de 1978 - Londres, 22 de julho de 2005) foi um brasileiro que ficou conhecido após ser morto por engano pela SO19, unidade armada da Scotland Yard dentro de um trem do metrô de Londres. Os policiais supostamente o confundiram com Hamdi Adus Isaac (ou "Hussain Osman") suspeito de tentar fazer um fracassado atentado a bomba no metrô, na véspera . Esses fatos ocorreram duas semanas após os atentados de 7 de julho, quando uma série de explosões atingiu o sistema de transporte público de Londres, e 56 pessoas morreram".


"Jean Charles vivia há três anos no sul da capital inglesa e, segundo as autoridades, foi confundido com um terrorista árabe, que teria participado dos atentados da véspera, contra ônibus e estações do metrô de Londres. O erro foi admitido pela Scotland Yard, quando informou que o brasileiro não tinha nenhuma relação com qualquer grupo terrorista. Segundo a autoridade policial, o acidente ocorreu porque o brasileiro se recusara a obedecer às ordens de parar, dadas pelas autoridades.
No entanto, a Comissão Independente de Investigação de Queixas da Polícia (CIIQ, em inglês) concluiu que Ian Blair, chefe da Scotland Yard, tentou impedir que a morte de Jean Charles fosse investigada.
O jornal britânico The Observer, em sua edição do 21 de agosto de 2005, revelou que os três agentes que vigiavam Jean Charles não estavam armados nem uniformizados e não o consideravam suspeito de portar armas ou bombas. Só tinham a intenção de detê-lo. No entanto, esses homens tinham ordens de ceder o controle da operação a grupos especiais das forças armadas (SAS), caso estes interviessem. Os militares consideraram Jean Charles uma grave ameaça e seguiram seu modus-operandi - atirando para matar.
Alex Pereira, primo de Menezes que morava com ele, afirmou que o rapaz foi baleado pelas costas.
Segundo a Agência Brasil, o Ministério das Relações Exteriores publicou uma nota oficial na qual afirma que o governo brasileiro ficou "chocado e perplexo" ao tomar conhecimento da morte do brasileiro, "aparentemente vítima de lamentável erro".
Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que "o Brasil sempre condenou todas as formas de terrorismo e mostrou-se disposto a contribuir para a erradicação desse flagelo dentro das normas internacionais", e que aguarda explicações das autoridades britânicas sobre as circunstâncias da morte de Jean Charles.
Em 16 de novembro, o jornal Daily Telegraph publicou uma reportagem acusando a polícia britânica de utilizar munição de ponta oca, conhecida como dundum, para matar Jean Charles. O armamento foi proibido pela Convenção de Haia de 1899, por motivos humanitários (o projétil se expande e se estilhaça dentro do corpo do indivíduo atingido, criando grande estrago e provocando dores lancinantes, o que normalmente não acontece com uma bala comum).
Jean Charles Menezes nasceu em 7 de janeiro de 19787, em Gonzaga, Minas Gerais. Cresceu numa área rural, a 300 km de Belo Horizonte. Depois da descoberta de um talento precoce para a Eletrônica, ele deixou a fazenda, aos catorze anos, para morar com seu tio em São Paulo e prosseguir seus estudos. Aos 19 anos recebeu um diploma técnico da Escola Estadual São Sebastião. Entrou no Reino Unido, em 2002, com um visto estudantil, e com apenas quatro meses na Inglaterra já tinha um bom domínio do inglês e trabalhava para mandar dinheiro para a família.
A polícia alegou que seu visto havia vencido quando foi morto - o que foi desmentido por seu primo".

                                                                             
Informações originalmente publicadas no site da Wikipedia 

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