sábado, 11 de junho de 2011

Ameaças de morte na região amazônica continuam

 

Recebi esta notícia de uma amiga, via email e resolvi postar aqui. A sociedade brasileira tem de se manifestar contra esses descalabros. No geral, por se tratar de uma região muito distante do que é considerado o centro do Brasil, parece que não encontramos motivação suficiente para demonstrarmos a nossa injúria contra tais acontecimentos, o que fica sempre a cargo da imprensa dessas localidades e, especialmente, das instituições, ONGs quase sempre, que trabalham com questões ambientais. Enquanto o Brasil, sociedade e governantes, continuar virando as costas para esses acontecimentos, mais pessoas vão continuar sendo mortas, mas a floresta amazônica vai continuar sendo destruída e mais seremos considerados pelo mundo como um todo, incapazes de cuidar do que é nosso. Não adianta viver da boa vontade, das pessoas, da sociedade (todo mundo é favor de tudo o que se refere a cuidar do meio ambiente, à princípio), do governo. Sabemos, como li dia desses em um blog, que o que é destinado pelo governo para essas causas é quase irrisório, tanto que a ministra Maria do Rosário, da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, pessoa de muito boa vontade  e bem posicionada politicamente, disse que o governo reconheceu "não ter instrumentos e condições para garantir a segurança de todos os líderes que correm risco de serem assassinados no campo e que constam da lista de ameaçados feita pela Comissão Pastoral da Terra (CPT)" leia aqui.

Essa luta é de todos e nós precisamos nos colocar diante dela. Pressão, esse é o nome. Pressão para vetar o novo Código Florestal, pressão para exigir dos governantes maior segurança para aqueles que lutam diariamente para manter a Amazônia viva, pressão para os que são os reais mandatários dos assassinatos desses ativistas, sejam levados a julgamento, pressão para combater as queimadas e o desmatamento ilegal. Pressão, essa é a palavra. A seguir, a reportagem sobre mais uma ameaça de morte,dessa vez contra Cosmo Capistano da Silva, agente da Comissão Pastoral da Terra, que recebi via email.


Conflitos de terras em Boca do Acre: Cosmo Capistano diz que está sendo ameaçado de morte

PostDateIconSeg, 06 de Junho de 2011 11:06 | Escrito por Agostinho Alves | PDF | Imprimir | E-mail
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Cosmo CapistanoCosmo Capistano da Silva, 46 anos de idade, morador do município de Boca do Acre, agente da Comissão Pastoral da Terra, há 10 anos, disse que está sendo ameaçado de morte. A ameaça mais recente foi sexta-feira (3), por volta das 10 horas da noite, quando estava em sua residência e recebeu uma ligação pelo celular, do tipo desconhecida. Cosmo conta que a conversa durou aproximadamente 30 segundos, mas foi o suficiente para entender o recado.

A ameaça

“A ligação dizia que eu avisasse aos meus companheiros que já morreu gente no Pará e Rondônia e o próximo será no Amazonas e no Acre, a pessoa não identificou o local do Amazonas que pode haver as mortes, mas deduzo que é aqui, justamente por conta de eu estar à frente nos conflitos de terra a favor do pequeno produtor rural”, contou Cosmo.

Antes desse fato, Capistano sofreu outra ameaça, em dezembro de 2009. “Se eu quisesse viver, que me afastasse da luta a favor dos agricultores do seringal Macapá”, disse Capistano.

Caso seringal Macapá

Capistano acha que a ameaça partiu da mesma fonte de 2009. Ele afirmou isso, uma vez que, o seringal Macapá está prestes a sofrer uma nova reintegração de posse, fato que já aconteceu no ano de 2009, em maio, quando 105 famílias perderam tudo e foram viver debaixo de lonas às margens da BR-317.

O seringal Macapá está localizado no ramal Cunha Gomes, exatamente na divisa com o estado do Acre, local onde estão as terras do fazendeiro Juarez Carlos Brasileiro, que reivindica a posse, onde alega ter 15 mil hectares, sendo que legalmente ele tem quase 10 mil.

Proteção pessoal

Cosmo Capistano 2
Capistano fala que ainda não procurou as autoridades para a busca de proteção pessoal, mas que pretende buscar essa assistência, pois teme por sua vida, apesar de afirmar que não vai desistir da luta pelos povos que dependem da terra, o pequeno produtor. “Espero que o governo faça a legalização fundiária, pois tudo isso que acontece é a falta da regularização fundiária, já que 90% das terras de Boca do Acre não são regularizadas e por isso que acontecem os conflitos”, afirmou Cosmo.

Companheiros mortos em conflitos de terras

“Lamento a morte dos companheiros, como o Sr. Adelino, o Dinho e o amigo Gedeão que morreu na Vila Califórnia/Ac. Não quero ter o mesmo destino, mas não quero deixar de lutar por quem merece atenção e justiça, que são os agricultores da terra”, revelou Capistano.

Luta contra a grilagem em Boca do Acre

“Eu tenho trabalho em vários locais no município de Boca do Acre, que envolvem conflitos de terra e os mais graves estão nos seringais Novo Axioma (margem direita do rio Acre), Pirapora (margem esquerda do rio Acre), Macapá (no ramal Cunha Gomes e faz frente ao rio Acre) e Redenção (margem direita do rio Acre). Nesses locais há uma grande quantidade de grileiros e latifundiários do estado do Acre que estão invadindo terras no Amazonas”, descreveu o militante.

Cosmo finalizou a entrevista com o Portal do Purus, dizendo que os maiores grileiros em Boca do Acre são fazendeiros e madeireiros.
 

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