Young Mother Sewing - Mary Cassatt
À tua ausência
Eu queria falar, mas ainda é difícil
expressar tudo o que nela está contido.
Eu queria escrever, mas ainda me faltam
palavras que a definam.
Um dia, mãe,
poderei dizer,
poderei escrever,
poderei ser fiel
ao que tu foste?
Um dia, quem sabe,
o meu coração em paz
possa falar de tua ausência
pra contar tua presença.
Mas enquanto essa ausência
ainda quer ser falta,
enquanto ingnorante, ainda lastimo,
tomo emprestado do "Corpo" de Drummond
o entendimento da "ausência assimilida",
para que, como ele,
ninguém a roube mais de mim.
Rejane Cavalcanti
Recife, 08 de maio de 2010
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
No livro "O Corpo", 1985
Encontrei a moldura postada acima em um belíssimo blog português http://http://isto-arco-aurora.blogspot.com/
Abaixo, Plasticine, nome da blogueira, colocou o seguinte post, que reproduzo aqui porque foi extamente o que senti ao ver a moldura de Mary Cassat
"Conheço a miúda do quadro, "Young Mother Sewing" (1900) de Mary Cassatt, conheço. Com aquele olhar atento, junto da mãe distraída, serena por saber que está tudo bem. Está sempre tudo bem (às vezes podia era estar melhor). Há ternura nestes quadros e é uma ternura que não encontro em mais quadros que conheça...as personagens estão vivas, mas mais que isso, estão interligadas e a ligação delas é carinhosa é de afecto. Tem felicidade neste quadro...quero ser muitas vezes personagem de quadros assim e quero que o sejam vocês também. :)*"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário. Os comentários serão previamente moderados.